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Corpo de Niède Guidon será enterrado nesta quinta-feira (5) no jardim da casa dela p3w1l
Por YALA SENA / Folhapress
04 de junho de 2025, às 22h40
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SÃO RAIMUNDO NONATO, PI (FOLHAPRESS) – O enterro de Niède Guidon, que morreu na madrugada desta quarta-feira (4) aos 92 anos, ocorrerá nesta quinta-feira (5) em São Raimundo Nonato, no Piauí. É o mesmo dia em que o Parque Nacional Serra da Capivara, pelo qual tanto lutou, completa 46 anos.
A arqueóloga morreu em casa, no bairro Campestre, vítima de um infarto. Ela será sepultada no jardim da residência, atendendo ao pedido que havia feito em vida. O enterro está marcado para as 9h e terá a presença apenas de amigos íntimos.
Aberto ao público, o velório do corpo de Guidon começou às 15h desta quarta no auditório do Museu do Homem Americano, que fica ao lado da casa dela.
Em fila, guariteiras (profissionais que ficam na portaria do parque) guardas (segurança), brigadistas e guias entraram juntos no auditório e fizeram um círculo ao redor do caixão com o corpo da arqueóloga. Emocionados, alguns choravam.
Também compareceram ao velório estudantes e poucos políticos. O evento é feito ao som da soprano Maria Callas e de canções sas, músicas que a arqueóloga gostava de ouvir.
Júlio Filho, que trabalha no parque há 25 anos, destacou que o grande legado de Guidon é a preservação da natureza, sua força e sinceridade.
“Ela teve oportunidade de morar na Itália e em outros países, mas decidiu morar aqui com a gente. Somos gratos a ela por sua força, garra, amor, sinceridade e por preservar o parque Serra da Capivara”, disse ele, sob aplausos.
Pedro Paulo dos Santos Silva, 47, que atua há 26 anos no parque, destacou que a arqueóloga mudou a vida da população local ao lutar pela preservação do parque.
Marrian Rodrigues, chefe do parque, disse que Guidon sempre será um farol. “Vamos continuar fazendo o que ela nos ensinou, trabalhando duro, não tendo medo e protegendo o parque.”
Segundo Rosa Trakalo, diretora do Museu do Homem Americano, a arqueóloga deixou tudo organizado para quando partisse e pediu que cuidassem do parque.
“Quando alguém perguntava uma coisa de trabalho, ela dizia: ‘eu estou aposentada, se virem’. As coisas vão continuar andando. Faz um tempo que ela escreveu em cartório seu testamento, o que desejava de todos nós”, disse Rosa, que era amiga de Guidon.
Nos últimos seis anos, a arqueóloga vivia em casa cercada por dez gatos, quatro cachorros e cuidadores. Só recebia os amigos mais próximos. Ela teve chikungunya, Zika e dengue e, desde então, apresentava dificuldade para se locomover.