03 de junho de 2025

Notícias em Americana e região 71r

31t50

8 de Agosto de 2019 Grupo Liberal Atualizado 13:56
MENU

51b3j

Publicidade

Compartilhe

Brasil e Mundo 3226f

Em missa pré-conclave, cardeal pede unidade da Igreja em momento ‘difícil e complexo’ 5i2u6z

Celebração foi conduzida pelo decano do Colégio Cardinalício, Giovanni Battista Re, 91, o mesmo cardeal que presidiu a cerimônia que marcou o funeral de Francisco

Por ANDRÉ FONTENELLE E MICHELE OLIVEIRA / Folhapress

07 de maio de 2025, às 08h45 • Última atualização em 07 de maio de 2025, às 09h32

Missa na Basílica de São Pedro marcou o início dos ritos da Igreja para o conclave - Foto: Vatican Media

ROMA E MILÃO, ITÁLIA (FOLHAPRESS) – Em uma Basílica de São Pedro lotada, a missa “Pro Eligendo Pontifice” (para a eleição do pontífice) marcou o início dos ritos da Igreja para o conclave. A celebração foi conduzida pelo decano do Colégio Cardinalício, Giovanni Battista Re, 91, o mesmo cardeal que presidiu a cerimônia que marcou o funeral de Francisco, no dia 26 de abril.

Na homilia, o decano ressaltou a importância de manutenção da unidade da Igreja, mas ressaltou que unidade não significa uniformidade. “Mas comunhão sólida e profunda na diversidade, desde que se permaneça plenamente fiel ao Evangelho”, disse o decano. “Estamos aqui para invocar a ajuda do Espírito Santo, para implorar a sua luz e a sua força, a fim de que seja eleito o papa que a Igreja e a humanidade precisam neste momento tão difícil e complexo da história.”

“Entre as tarefas de cada Sucessor de Pedro conta-se a de fazer crescer a comunhão: comunhão de todos os cristãos com Cristo, comunhão dos bispos com o Papa e comunhão dos Bispos entre si. Não uma comunhão autorreferencial, mas totalmente orientada para a comunhão entre as pessoas, os povos e as culturas”, afirmou.

Segundo o decano, a eleição do novo papa não é uma simples sucessão de pessoas, “mas é sempre o apóstolo Pedro que retorna”. Na Capela Sistina, onde os cardeais votantes estarão reunidos, “tudo concorre para avivar a consciência da presença de Deus, diante do qual deverá cada um apresentar-se um dia para ser julgado”.

“No Tríptico Romano, o Papa João Paulo 2o desejava que, nas horas da grande decisão através do voto, a imagem imponente de Cristo Juiz, pintada por Michelangelo, lembrasse a cada um a grande responsabilidade de colocar as ‘chaves supremas’ (Dante) nas mãos certas”, disse o decano.

“Rezemos, portanto, para que o Espírito Santo, que nos últimos cem anos nos deu uma série de Pontífices verdadeiramente santos e notáveis, nos conceda um novo Papa segundo o coração de Deus, para o bem da Igreja e da humanidade”, afirmou.

A escolha do sucessor de Francisco, disse Re, é um ato de máxima responsabilidade humana e eclesial. “Um ato humano pelo qual se deve deixar de lado qualquer consideração pessoal”, recomendou.

“Oremos para que Deus conceda à Igreja o Papa que melhor saiba despertar as consciências de todos e as energias morais e espirituais na sociedade atual, caracterizada por um grande progresso tecnológico, mas que tende a esquecer Deus”, disse.

Na missa do funeral, a homilia de Re chamou a atenção por causa dos apelos por paz e pela defesa dos migrantes, em uma exortação do legado do papa argentino. O discurso soou como recado aos líderes mundiais presentes, em especial o presidente dos EUA, Donald Trump, quando Re relembrou a fala de Francisco sobre “construir pontes, não muros” —dita depois de Trump, em seu primeiro mandato, anunciar que concluiria o muro que separa os EUA do México para conter a imigração.

Depois da homilia, a cerimônia teve uma oração destinada aos cardeais eleitores, aqueles com menos de 80 anos. “Que o Senhor possa, com seu Espírito, enchê-los de compreensão, sabedoria e discernimento.” Nesta missa, os votantes pediram orientação espiritual para a votação na Capela Sistina, para onde eles se dirigirão às 11h30 (16h30). Em uma de suas primeiras falas na missa, Re convidou seus pares a fazer a escolha do próximo pontífice com estas palavras: “Ó Deus, pastor eterno, que governais o vosso rebanho com cuidado infalível, concedei, em vosso amor paternal sem limites, um pastor para a vossa Igreja.”

Os participantes do conclave terão até 11h15 (16h15) para se dirigir à Capela Paulina, contígua à Capela Sistina. Quinze minutos depois, eles iniciam a procissão para a Sistina, onde farão um juramento. Provavelmente por volta das 12h (17h), o mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias, o arcebispo italiano Diego Giovanni Ravelli, será o responsável por proclamar o ‘extra omnes’ (todos fora), ordenando que todos os que não eleitores deixem a capela. As portas são trancadas e, antes da primeira votação, é feita uma última reflexão.

Leia abaixo a íntegra da homilia. 3s426

Nos Atos dos Apóstolos, lê.-se que após a ascensão de Cristo ao céu, e enquanto aguardavam o dia de Pentecostes, todos perseveravam e estavam unidos em oração com Maria, a Mãe de Jesus (cf. Act 1, 14).

É exatamente isso o que nós também estamos a fazer, a poucas horas do início do Conclave, sob o olhar da Virgem Maria colocada ao lado do altar, nesta Basílica que se ergue sobre o túmulo do Apóstolo Pedro.

Sentimos unido a nós todo o povo de Deus, com o seu sentido de fé, de amor ao papa e de espera confiante.

Estamos aqui para invocar a ajuda do Espírito Santo, para implorar a sua luz e a sua força, a fim de que seja eleito o papa que a Igreja e a humanidade precisam neste momento tão difícil e complexo da história.

Rezar, invocando o Espírito Santo, é a única atitude justa e necessária, enquanto os Cardeais eleitores se preparam para um ato de máxima responsabilidade humana e eclesial e para uma escolha de excepcional importância; um ato humano pelo qual se deve deixar de lado qualquer consideração pessoal, tendo na mente e no coração apenas o Deus de Jesus Cristo e o bem da Igreja e da humanidade.

No Evangelho que foi proclamado, ressoaram palavras que nos conduzem ao coração da suprema mensagem-testamento de Jesus, confiada aos seus Apóstolos na noite da Última Ceia, no Cenáculo: “É este o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros como Eu vos amei” (Jo 15, 12). E quase para precisar este “como Eu vos amei” e indicar até onde deve chegar o nosso amor, Jesus afirma a seguir: “Ninguém tem mais amor do que quem dá a vida pelos seus amigos” (Jo 15, 13). É a mensagem do amor, que Jesus define como “novo” mandamento. Novo porque amplia grandemente, transformando-a em positiva, a advertência do Antigo Testamento, que dizia: “Não faças aos outros o que não queres que te façam a ti”.

O amor que Jesus revela não conhece limites e deve caracterizar os pensamentos e as ações de todos os seus discípulos, que devem sempre demonstrar amor autêntico em seu comportamento e empenhar-se na construção de uma nova civilização, aquela que Paulo 6º chamou de “civilização do amor”. O amor é a única força capaz de mudar o mundo.

Jesus deu-nos o exemplo desse amor no início da Última Ceia com um gesto surpreendente: abaixou-se para servir os outros, lavando os pés dos Apóstolos, sem discriminação, sem excluir Judas, que o trairia.

Esta mensagem de Jesus está relacionada com o que ouvimos na primeira leitura da Missa, na qual o profeta Isaías nos lembrou que a qualidade fundamental dos Pastores é o amor até à entrega total de si mesmo.

Surge, portanto, dos textos litúrgicos desta celebração eucarística, um convite ao amor fraterno, à ajuda recíproca e ao empenho em favor da comunhão eclesial e da fraternidade humana universal. Entre as tarefas de cada Sucessor de Pedro conta-se a de fazer crescer a comunhão: comunhão de todos os cristãos com Cristo, comunhão dos bispos com o papa e comunhão dos Bispos entre si. Não uma comunhão autorreferencial, mas totalmente orientada para a comunhão entre as pessoas, os povos e as culturas, tendo sempre em vista que a Igreja seja “casa e escola de comunhão”. Além disso, é forte o apelo à manutenção da unidade da Igreja segundo o caminho indicado por Cristo aos Apóstolos. A unidade da Igreja é desejada por Cristo, uma unidade que não significa uniformidade, mas comunhão sólida e profunda na diversidade, desde que se permaneça plenamente fiel ao Evangelho.

Cada papa continua a encarnar Pedro e a sua missão e, assim, representa Cristo na terra; ele é a rocha sobre a qual a Igreja é edificada (cf. Mt 16, 18).

A eleição do novo papa não é uma simples sucessão de pessoas, mas é sempre o Apóstolo Pedro que retorna.

Os Cardeais eleitores expressarão seu voto na Capela Sistina, onde, como diz a Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis, “tudo concorre para avivar a consciência da presença de Deus, diante do qual deverá cada um apresentar-se um dia para ser julgado”.

No Tríptico Romano, o papa João Paulo 2º desejava que, nas horas da grande decisão através do voto, a imagem imponente de Cristo Juiz, pintada por Michelangelo, lembrasse a cada um a grande responsabilidade de colocar as “chaves supremas” (Dante) nas mãos certas.

Rezemos, portanto, para que o Espírito Santo, que nos últimos cem anos nos deu uma série de Pontífices verdadeiramente santos e notáveis, nos conceda um novo papa segundo o coração de Deus, para o bem da Igreja e da humanidade.

Oremos para que Deus conceda à Igreja o papa que melhor saiba despertar as consciências de todos e as energias morais e espirituais na sociedade atual, caracterizada por um grande progresso tecnológico, mas que tende a esquecer Deus.

O mundo de hoje espera muito da Igreja para a salvaguarda daqueles valores fundamentais, humanos e espirituais, sem os quais a convivência humana nem será melhor nem beneficiará as gerações futuras.

Que a Bem-Aventurada Virgem Maria, Mãe da Igreja, nos auxilie com a sua materna intercessão, para que o Espírito Santo ilumine as mentes dos Cardeais eleitores e os torne concordes na eleição do papa de que o nosso tempo necessita.

Publicidade