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Novo presidente da Coreia do Sul sobreviveu a ataque a faca 2e1k3u
Por Folha de S.Paulo / Folhapress
03 de junho de 2025, às 09h47
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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A boca de urna das eleições da Coreia do Sul, que ocorreram nesta terça (3), aponta que o oposicionista Lee Jae-myung, do Partido Democrático, será o novo presidente do país asiático. O novo líder herdará a crise política que sucedeu a tentativa de autogolpe do ex-presidente Yoon Suk-yeol, no ano ado.
A projeção confirma pesquisas que apontavam o favoritismo do ex-advogado de 61 anos e líder da oposição. Durante sua campanha, Lee afirmou que Yoon e sua sigla, o PPP (Partido do Poder Popular), devem ser responsabilizados pela insurreição e colocou o pleito como um ponto de inflexão histórico para a Coreia do Sul não virar um “país de ditadores”.
O político de centro-esquerda também fez promessas no campo da economia, afirmando que primeiro voltaria sua atenção para o custo de vida das famílias de renda média e baixa e para as dificuldades dos pequenos empresários.
Yoon mergulhou o país em um caos político no dia 3 de dezembro de 2024, quando usou a lei marcial pela primeira vez desde a democratização do país, em 1987. O conservador teve que recuar da decisão horas depois, mas antes enviou o Exército ao Parlamento, em uma tentativa de silenciar os congressistas.
Lee e o Partido Democrático, em transmissão ao vivo pela internet, comandaram a reação na longa madrugada que se seguiu, com mobilização popular e a derrubada da lei, culminando dez dias depois no impeachment de Yoon confirmado em abril pela corte constitucional. Durante a madrugada de defesa da Assembleia, Lee atravessou o cerco de policiais e soldados para, junto com os manifestantes, saltar a cerca e garantir a votação contra a lei marcial.
A eleição presidencial foi convocada dois anos antes do previsto, tendo como tema central a tentativa de autogolpe. Outro foco da campanha foram as tarifas impostas pelos EUA aos produtos do país, apesar de a Coreia do Sul adotar tarifa zero sobre os produtos americanos.
“Lee Jae-myung é mais simpático à China, mais pragmático, menos ideológico, portanto, as relações com Pequim devem melhorar”, diz Tizzard, também colunista do jornal Korea Times. Isso contrasta com a “narrativa antichinesa, anticomunista, mais focada na relação trilateral com Washington e Tóquio”, do PPP.
Lee enfrenta processos de corrupção e outros desde pelo menos a última campanha presidencial, que perdeu por 0,76 ponto percentual para Yoon, um ex-procurador. Parecia ter poucas chances de se recuperar até a lei marcial.
Ex-operário de fábrica com trajetória inicialmente semelhante à do presidente brasileiro, Lula Inácio Lula da Silva, inclusive com sequelas físicas por acidente de trabalho com uma prensa, Lee depois conseguiu bolsa para estudar, formando-se advogado. Atuou em questões sociais por duas décadas, até entrar no partido hoje chamado de Democrático. Foi prefeito, governador e está em seu segundo mandato parlamentar.
Em janeiro do ano ado, num momento em que conversava com jornalistas, Lee sofreu uma tentativa de assassinato a faca, que atingiu seu pescoço e exigiu longa cirurgia. Desde então, anda cercado por seguranças e vestindo colete à prova de balas.