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8 de Agosto de 2019 Atualizado 13:56
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Morador de Americana celebra 100 anos com homenagem no Exército 2m7245

Aristides Gallani foi recebido com honras no Regimento Deodoro, em Itu, onde serviu entre os anos 40 e 50

Por Jucimara Lima

08 de junho de 2025, às 08h25 • Última atualização em 08 de junho de 2025, às 09h49

Visita de Aristides Gallani ao Regimento Deodoro, em Itu - Foto: Arquivo pessoal

Imagine o quanto o mundo mudou nos últimos 100 anos: avanços tecnológicos, transformações sociais, crises, conflitos e guerras. Agora, imagine ter vivenciado tudo isso. Aristides Gallani, campineiro do distrito de Sousas e radicado em Americana desde o final da década de 1980, é uma testemunha viva da história. Em 2025, ele completou 100 anos, com uma memória privilegiada e lembranças que nem o tempo foi capaz de apagar.

Uma das mais marcantes é do período em que serviu no Regimento Deodoro, tradicional unidade militar do Exército Brasileiro localizada em Itu, interior de São Paulo.

“Eu me voluntariei para servir”, contou ele, ao lembrar que, durante seu tempo no Exército, o mundo enfrentava a Segunda Guerra Mundial. Embora não tenha sido convocado para o front, chegou a ter contato com equipamentos que retornaram ao Brasil após o fim do conflito, em 1945.

Alguns anos depois, pediu baixa do Exército para se casar. Na época, ocupava o posto de terceiro-sargento. Mesmo deixando a farda, nunca esqueceu os anos de serviço, a ponto de desejar que filhos e netos seguissem a carreira.

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“Acho que todo jovem deveria servir porque aprendemos muitas coisas boas. É sofrido, mas também é uma lição de vida. Tem regra para comer, para trabalhar e até para se divertir. Tem que ser disciplinado. Se todos fossem para o Exército, acho que acabaria com essa malandragem que tem por aí”, refletiu.

Além das histórias que guarda dos sete anos em que serviu, carrega também fotografias históricas, relíquias que sempre fez questão de manter consigo, mesmo tendo mudado por inúmeras vezes.

Homenagem 4p4o14

Em maio deste ano, seu Aristides recebeu uma homenagem emocionante organizada pelas netas, a publicitária Camila e a empresária Gabriela Gallani. Depois de uma tentativa frustrada, em 2022, de levá-lo para revisitar o Regimento Deodoro, elas não desistiram. Com a ajuda sensível de oficiais do Exército, conseguiram, no mês em que ele completou 100 anos.

“Pouco antes do aniversário dele, acabou precisando ser hospitalizado. Quando voltou para casa, pedimos um filé à parmegiana. Ele comentou: ‘Bife bom tem no Bar do Alemão, em Itu’. Nós nos olhamos e não precisou dizer mais nada. Sabíamos que precisávamos levá-lo lá”, contam.

No dia da visita, seu Aristides se arrumou, achando que iria ao trabalho da neta, em Campinas. Ao chegar na entrada de Itu e ver o letreiro da cidade, os olhos brilharam: “Ele entendeu onde estava indo”, relatam.

De volta 264k4p

No Regimento Deodoro, o ex-militar foi recebido com honras: um café da manhã preparado especialmente para ele. Depois, visitou as dependências do quartel, incluindo a gruta, onde tem uma foto tirada há décadas e aproveitou para atualizar a imagem.

Centenário guarda com carinho e gratidão as experiências vividas no Exército do Brasil – Foto: Leonardo Matos/Liberal

“Eles me mostraram tudo! Até peguei uma bala de canhão, e tem um peso danado, viu?”, confidenciou, bem-humorado. Para as netas, a homenagem superou as expectativas. “Foi muito bonito a maneira como receberam meu avô. Foram maravilhosos, não tem nem palavra para descrever o momento. Para eles foi uma honra ter um centenário que voltou 80 anos depois”, enfatizou Gabriela.

“O momento mais lindo foi quando a banda do Exército tocou ‘Parabéns’ para ele”, acrescenta Camila.

Emocionado, seu Aristides ainda brincou: “Deu até vontade de chorar. Pena que a gente fica velho e não pode mais servir.”

Ao final do eio, depois de elogiar o novo uniforme do Exército e recordar que, no seu tempo, a farda era verde-oliva, recebeu um presente especial: uma farda nova, que ostenta com orgulho.

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Camila conta que, anualmente, o Regimento abre as portas para encontros de ex-militares, e que, se tudo der certo, este ano ela e a irmã levarão o avô. “Possivelmente ele abrirá o desfile, pois sempre começa com o mais velho. Vamos fardá-lo, e ele vai bem bonitinho.”

Memória 7m6m

Durante quase uma hora de entrevista ao LIBERAL, entre recordações e sorrisos, seu Aristides arrumou a postura, bateu continência e, ao explicar o trabalho da artilharia montada, começou a cantar uma antiga canção militar: “Eu sou a poderosa artilharia, que na luta se impõe pela metralha…”

Ao final, confidenciou: “Dá saudade, né? Pena que não dá para voltar, não tem jeito”, lamentou, sem saber que o seu raro acervo de fotos antigas agora também fará parte do Museu do Regimento Deodoro, preservando para sempre não só a história do Exército Brasileiro, mas também a sua.

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