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A centenária Heitor Penteado 2u574f
Por Silvia H. Bastelli Gagliardo
05 de junho de 2025, às 16h23
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Nossa Americana comemorou no mês ado 100 anos da Escola Estadual Dr. Heitor Penteado. Por sua localização, porte, vida longa acompanhando o desenvolvimento acelerado da cidade, a Escola Heitor é um verdadeiro templo educacional da cidade, e para a formação de milhares de americanenses, muitos deles com destaque nos diversos segmentos econômicos, sociais, políticos e culturais.
Para melhor situar, importante dizer que a escola ou por diversas denominações, tendo sido Ginásio Estadual de Americana, Colégio Estadual e Escola Normal de Americana, e Instituto de Educação Presidente Kennedy. No ano de 1979 houve a fusão com o Grupo Escolar Dr. Heitor Penteado, daí mantida a denominação atual.
Além de elo importante na engrenagem da cidade, as escolas marcam também a memória dos que por elas am, quer como diretor, professor, servidor ou até mesmo aluno. Cada um traz na mente e coração um capítulo nessa longa jornada. No caso, de 100 anos.
O filme do Heitor é vivido, por mim, a partir do fechamento do Geva (Grupo Escolar Vocacional de Americana) pelo governo militar. Eu e a maioria dos alunos do Geva ingressamos nessa unidade de ensino. Uma transição difícil dada às diferenças de metodologia de ensino e outras questões que tivemos de enfrentar.
Ressaltamos a qualidade dos professores que ali conhecemos. Inegável a competência de tantos mestres, como Fanny Olivieri e o professor de geografia, João Rodrigues. Tenho recordações memoráveis das aulas de latim com o professor João Adolfo Hansen. Aliás, João Adolfo alçou voos maiores, chegando à USP (Universidade de São Paulo) e ainda hoje compartilhamos de seus saberes pelos vídeos na internet.
Ele tinha uma visão totalmente diferente do ensino da língua latina e se entristecia quando seus alunos não conseguiam acompanhar o conteúdo ado. As suas aulas vivificavam uma língua morta através de histórias e cultura. Depois, na faculdade de letras, sofri por não tê-lo como professor. Desaprendi o conteúdo.
Saliento, igualmente, a saudosa professora de inglês, Nair Fobbe, que dava a aula toda em inglês. Uma carreira brilhante, de muito amor e dedicação, inclusive tive o prazer de reencontrá-la em Campinas, num curso de tradução.
Não podemos nos esquecer também do professor de português, Wilson Camargo, in memoriam. Ele não apenas ensinava a língua pátria, mas era um grande incentivador da cultura no município de Americana. Quando os alunos do Geva chegaram na Escola Kennedy eram considerados os “diferentes”, e ele, empático, montou o Auto de Inês Pereira, de Gil Vicente, mesclando alunos do Geva, como eu, o Saul, Jussara, Eraldo, João Afonso e a Ana Lúcia com os da escola anfitriã, como Amauri Galinari. Deu resultado e até parecia que estávamos nos sentindo amados pela comunidade ginasial. Wilson Camargo lutou, também, pela construção do Teatro de Arena de Americana e chegou a tocar bombardino na banda municipal como incentivo à cultura.
Eram professores que entendiam a educação “fora da gaiola” e que os alunos são “pássaros”. Sou muito grata a todos os meus ex-professores, que eficazmente contribuíram para a minha formação. Alguns deles se tornaram, depois, meus colegas de profissão. “E viva” a educação! Q
Silvia H. Bastelli Gagliardo
Professora de inglês e artista Naif
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