Até a década de 1970, o Brasil era um grande importador de alimentos. Hoje, figura entre os três maiores produtores mundiais, atrás apenas da China e dos Estados Unidos. Esse crescimento extraordinário na produção agrícola se deve, em grande parte, ao trabalho do cientista e agrônomo Alysson Paolinelli.

Ministro da Agricultura durante o governo Geisel (1974-1979), Paolinelli foi o responsável por transformar o Cerrado, até então considerado improdutivo, em um dos principais polos agrícolas do país. À frente da pasta, ele impulsionou a modernização da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e estabeleceu parcerias estratégicas com instituições como as universidades de Lavras, Viçosa, Santa Maria, Esalq-USP e o Instituto Agronômico de Campinas. Essas colaborações promoveram avanços tecnológicos e ofereceram bolsas de estudo para alunos que contribuíram para a revolução do agronegócio brasileiro. Por essa razão, ele foi indicado duas vezes ao Prêmio Nobel da Paz.

Graças a essa transformação, o Brasil se tornou um dos principais fornecedores de alimentos para o mundo. Atualmente, o país alimenta cerca de 1,5 bilhão de pessoas e, em 2024, o setor gerou uma receita superior a R$ 991 bilhões, desempenhando um papel fundamental na balança comercial.

O Brasil lidera a produção global de diversos produtos, como algodão, café, soja, suco de laranja, açúcar e carne de frango. O sucesso do agronegócio tem impulsionado fortunas, colocando empresários do setor na lista de bilionários da revista Forbes. Entre eles estão Ricardo Castellar de Faria, dono da Granja Faria e conhecido como o “Rei do Ovo”, e Lúcia Maggi, chamada de “Rainha da Soja”. Além disso, nomes da música sertaneja investem cada vez mais no campo: Leonardo, proprietário da Fazenda Talismã, com 7 mil hectares; Zezé Di Camargo, dono da Fazenda É o Amor, com 1,5 mil hectares; e artistas como Gusttavo Lima, Bruno e Sorocaba, que atuam na reprodução e melhoramento genético de bovinos e equinos.

Na década de 1970, a safra agrícola brasileira era de aproximadamente 30 milhões de toneladas. Em 2024, esse número saltou para 290 milhões de toneladas, consolidando o país como uma potência do agronegócio.

Alysson Paolinelli faleceu em 2023, sem ver sua indicação ao Prêmio Nobel da Paz ser concretizada. No entanto, sua contribuição para a segurança alimentar mundial permanece inegável. Sua célebre frase resume a importância de seu trabalho: “Alimento é paz. A falta de alimentos é guerra.”