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O Caixeiro Viajante 6d2q6q

Fordlândia: o sonho frustrado de Henry Ford 2n4tf

Uma cidade que nasceu de um ambicioso projeto do magnata americano Henry Ford, fundador da Ford Motor Company

Por Oswaldo Nogueira

25 de maio de 2025, às 08h04

A cerca de 180 quilômetros de Santarém, no Pará, subindo o Rio Tapajós de barco, encontra-se a Fordlândia, uma cidade que nasceu de um ambicioso projeto do magnata americano Henry Ford, fundador da Ford Motor Company.

Em 1927, preocupado com a alta nos preços da borracha — então monopolizada pelos britânicos a partir de plantações no sudeste asiático —, Ford decidiu criar sua própria fonte de látex. Seu amigo e fornecedor de pneus, Harvey Firestone, alertara sobre os constantes reajustes promovidos pelos ingleses. Curiosamente, essas plantações asiáticas tinham origem em 70 mil sementes de seringueira contrabandeadas da Amazônia.

A região amazônica já contava com seringueiras nativas, mas a produção era insuficiente para abastecer a indústria automobilística em expansão. Ford adquiriu uma área de 1 milhão de hectares com o objetivo de tornar-se o maior produtor mundial de látex. Levou ao Brasil equipamentos, casas de madeira pré-fabricadas, geradores, tratores e ferramentas industriais. Em pouco tempo, uma cidade completa foi erguida, com hospital, cinema, escola, creche, igreja e até aeroporto.

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O projeto, no entanto, enfrentou obstáculos desde o início. Os navios carregados de materiais chegaram em plena estiagem e, com o rio seco, não conseguiram atracar. Ficaram meses à espera da cheia.

Cerca de 5 mil trabalhadores locais foram contratados, mas muitos não se adaptaram ao rígido modelo americano de gestão. A disciplina imposta pelos gerentes estrangeiros, o uso de relógio de ponto e a alimentação baseada em carne vermelha, pão e espinafre destoavam dos hábitos locais — que incluíam peixe, farinha e pimenta. A rotatividade foi alta, e menos de 3 mil empregados permaneceram no projeto.

As seringueiras foram plantadas muito próximas umas das outras, facilitando a disseminação de pragas, além da propagação de doenças tropicais como a malária. A topografia acidentada da região também dificultava a produção em larga escala.

Com a morte de Henry Ford, em 1947, o projeto foi abandonado. Apesar dos vultosos investimentos, o empresário jamais pisou em Fordlândia, que permanece até hoje como símbolo de um sonho industrial frustrado na floresta amazônica.

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Oswaldo Nogueira

Empresário e ex-vereador de Americana, escreve sobre temas do cotidiano com o objetivo de ser uma fonte de provocação e reflexão para os leitores; coluna quinzenal