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Por Gisela Breno
17 de dezembro de 2024, às 14h58
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Natal é, para muitos, uma época de luzes cintilantes, encontros calorosos e promessas de renascimento. Mas, sob o brilho das decorações e o som das músicas festivas, brotam sentimentos mais complexos e, às vezes, difíceis de nomear. O coração humano carrega um mundo de contradições, e nesse tempo, elas podem ganhar contornos até de dores.
Enquanto abraçamos o espírito de união, sentimos também a falta dos que partiram, o vazio deixado por presenças, que já não cabem mais ao redor da mesa. Há uma melancolia, que vem das memórias que guardamos – lembranças de tempos mais simples, de olhos mais inocentes e esperanças que pareciam tão imensas quanto o céu noturno.
Se para algumas pessoas o Natal é o reencontro com a família; para outras, é um lembrete das distâncias, visíveis ou invisíveis, que separam os corações. Há o conforto dos rituais, mas também a inquietação de saber que, por mais que tentemos reviver o ado, os momentos nunca são os mesmos. O afeto e a gratidão coexistem com a saudade e, muitas vezes, com a solidão
A exuberância presente nos comerciais e nas vitrines das lojas, igualmente contrasta com as mesas e vidas vazias dos desfavorecidos, fazendo com que o silêncio da nossa tristeza ressoe ainda mais alto, muitas vezes para ouvidos moucos.
E é nesse emaranhado de sentimentos, que se encontra, talvez, a essência do Natal: olhar demoradamente para a simplicidade da manjedoura onde o Menino Deus nasce e, numa atitude radical, esvaziar nossos corações de tudo e todos que nada acrescentam à nossa existência, trilhar o caminho da escuta, do perdão, da solidariedade para que o Novo possa nascer entre as frestas das nossas velhas e não tão exemplares histórias de vida.
Professora, Gisela Breno é graduada em Biologia na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e fez mestrado em Educação no Unisal (Centro Universitário Salesiano de São Paulo). A professora lecionou por pelo menos 30 anos.