O adeus de um pastor, a partida de um líder 3q6m45
Por Gisela Breno
30 de abril de 2025, às 15h32
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O Papa partiu, e com ele se vai uma liderança que não se firmava no poder, mas na ternura; não na força, mas no serviço.
Para os católicos, é a perda do Pastor, que soube ouvir, acolher e caminhar junto ao rebanho. Para o mundo, é a ausência de uma voz que, sem impor, pedia paz, justiça e dignidade para todos.
Seu legado não cabe apenas nos livros ou nas cerimônias: ele se perpetua nas sementes que lançou — de esperança, de misericórdia, de diálogo entre povos e culturas. Como o semeador da parábola (Mt 13,3-9), confiou que, mesmo em solos áridos, brotaria o Reino.
Hoje, resta-nos não apenas recordar, mas viver o que ele sonhou: um mundo mais justo, mais fraterno e mais humano.
Não se vai um homem; permanece um testemunho.
Seu silêncio agora fala mais alto, como eco das bem-aventuranças (Mt 5,1-12), que ele viveu com os pés descalços sobre a dor do mundo.
Sua presença se dissolve no tempo, mas se acende em cada gesto de bondade, em cada ponte erguida sobre abismos, em cada lágrima enxugada com compaixão.
Ele não reinava — cuidava. Não mandava — inspirava.
Foi servo entre irmãos, reflexo do Cristo que lavou os pés dos discípulos (Jo 13,12-15). E, ao partir, não nos deixa um trono vazio, mas um caminho aceso, onde cada um é chamado a ser também luz, fermento, sal da terra (Mt 5,13-16).
Sigamos, pois, não como quem perdeu um guia, mas como quem herdou um sonho — e decidiu torná-lo vivo.
Porque os grandes nunca partem. Transfiguram-se. Tornam-se chama no coração dos que ousam continuar.
E que sua memória, como incenso que sobe suave ao céu (Sl 141,2), nos envolva e nos inspire a sermos, neste mundo ferido, testemunhas do amor que tudo crê, tudo espera, tudo a (1Cor 13,7).
Professora, Gisela Breno é graduada em Biologia na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e fez mestrado em Educação no Unisal (Centro Universitário Salesiano de São Paulo). A professora lecionou por pelo menos 30 anos.