Memórias de Americana 3z3kr
O leite e o pão de cada dia das mães e dos trabalhadores 5g1co
Toda criança que morava no Jardim da Colina sabia que, aos sábados à tarde, em 1980, ava o carroceiro dos pães
Por André Maia
04 de maio de 2025, às 08h15
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Toda criança que morava no Jardim da Colina sabia que, aos sábados à tarde, em 1980, ava o carroceiro dos pães. O som dos cascos do cavalo já precipitava um turbilhão de sensações a serem prazerosamente vividas. As crianças maiores conseguiam espaço na parte traseira e aberta da carroça, enquanto as menores davam saltinhos felizes nas laterais para tentar vislumbrar e eleger qual seria sua “podre delícia” daquela tarde recheada de guloseimas.
Ao ser retirado o cobertor que encobria aquele paraíso de delícias, os olhares lambiam as “doces delicadezas” e provocavam um “incontrolável fascínio por cremes dourados e frutas cristalizadas”. Os narizes, às vezes ranhentos, inundavam-se pelo ar perfumado e doce das crostas dos pães.
Por muito tempo, em tempos de muitos filhos e sem máquina de lavar roupas, a vida das mulheres foi facilitada pelo trabalho diário de venda de alimentos de porta em porta. Era o verdureiro de quem dona Aura Maia, na década de 1960, comprava também a ervilha solta para o creme do jantar dos oito filhos que trabalhavam nas tecelagens da Princesa Tecelã. Compras estas marcadas na caderneta para serem pagas no mês seguinte.
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Outro entregador de grande importância foi o leiteiro, e entre eles Americana teve na família Zazeri um de seus maiores representantes. Octavio Zazeri adquire a leiteria de seu irmão Augusto por volta de 1956, localizada na rua Benjamin Batista, e a a entregar leite em sua carroça de roda de ferro ali no bairro Coordenonsi, no Jardim da Colina e região central. A égua comprada da família Chiconi era chamada de Chicona.
O leite era recebido de produtores como as famílias Cia e Bertine por volta das cinco horas da manhã, chegava em latões de 50 litros e era engarrafado em vidros de um litro para a entrega. Da sobra do leite da manhã, dona Helena Volpato Zazeri usava a desnatadeira elétrica que seu marido havia ganhado para obter um creme e dele fazer manteiga. O leite desnatado era dado aos porcos, outros tempos…
“Vamô dona Maria, com a vasilha, o leitero chegô e o leitero é que nem trem, atrasa mais vem, mas quando vem não espera ninguém”, esse era o bordão gritado por Octávio pelas ruas e depois adotado pelo filho Otávio Luiz, que começou a entregar leite aos 7 anos e, entre tantas peripécias, caiu da carroça uma vez e por ela foi atropelado. Chicona havia desembestado.
Noutra chegou em casa chorando e dizendo que perderiam mais da metade de seus clientes. O motivo era a revolta dos consumidores com o início da venda de leite pasteurizado e ensacado, pois em 1969, durante a istração Abdo Najar, foi proibida a venda de leite cru. Octávio se reinventa e a a ser representante da Leco de Campinas, a quem fornecia o leite cru da produção local e da região de Sumaré, e distribuía o leite pasteurizado por aquela empresa de laticínios.
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No final dos anos de 1970, com a explosão demográfica e a inauguração do bairro Antônio Zanaga, onde nada tinha além das casas, os Zazeri am a levar leite a este bairro e abrem clientela para o padeiro Pigatto. Já no início dos anos de 1980 a leiteria Zazeri chega a vender 100 mil litros de leite pasteurizado para a região por dia.
Hoje o Instituto 12 de Novembro parabeniza e homenageia as mães e os trabalhadores americanenses, do ado e do presente, desejando um futuro justo, próspero e feliz.
A história da cidade, que completa 150 anos em 2024, contada em textos produzidos pelo Instituto 12 de Novembro. Publicações quinzenais, aos domingos