Memórias de Americana 3z3kr
Uma mulher chamada Faustina 3w2q3j
A história da primeira mulher a assumir o cargo de vereadora em Americana, nos anos 50
Por André Maia Alves da Silva*
09 de março de 2025, às 10h08
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Quando aquela mulher adentrou o plenário da Câmara de Americana, o sentimento dos doze vereadores ali presentes deve ter sido um misto de receio e intimidação. Afinal de contas, era Faustina de Almeida Chiaravalotti que assumia como suplente um assento na sessão ordinária de 27 de dezembro de 1955.
Era a Faustina presidente do Partido Trabalhista Brasileiro, ardorosa defensora de Getúlio Vargas, que recebera em sua casa na Vieira Bueno. Era a segunda mulher a candidatar-se para vereadora em Americana. Era aquela mulher altiva dos comícios e das campanhas com carro de som. Em sua única oportunidade de atuar no Legislativo municipal, apresenta requerimento sobre um dos temas mais importantes para mulheres e mães pobres: alimentos de primeira necessidade.

Tive o prazer e a honra de conhecer Fausto de Almeida, sobrinho de Faustina. De nossas conversas compartilho aqui a história de um presente de natal. A tia havia prometido um presente caso Fausto e seu irmão assem de ano nos estudos, fato que não apenas redobrou os esforços dos meninos como também gerou uma grande expectativa e curiosidade sobre o presente. Ostentando orgulhosos os seus boletins, os dois irmãos recebem o tão esperado prêmio: uma linda égua.
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Foram alguns maravilhosos dias de verão, repletos de eios na montaria. Iam até a região onde hoje são as Indústrias Nardini, pela estrada de terra de Santa Bárbara, exploravam as quiçaças e córrego da região inabitada da atual Avenida Rafael Vitta. Até que um dia a égua desapareceu e os dias de folguedos transformaram-se em buscas e tristezas. Cabisbaixos tiveram que informar a “tia Faustina”.
Como militante política, mas também como dentista prática, Faustina conhecia todo mundo. Ouvia muitas histórias, conhecia os predicados e defeitos das índoles dos moradores desta pequena cidade. Sua primeira resolução foi montar em seu carro e dirigir-se ao sítio de um conhecido muleiro, na região dos atuais bairros Vila Omar e Vila Amorim. Lá chegando, informou o ocorrido ao proprietário e, sem delongas, ordenou: “quero esta égua até amanhã de manhã em meu portão”.
Perdura a dúvida de se o muleiro estava envolvido no sumiço do animal ou apenas foi muito diligente na busca do mesmo. Fato é que, na manhã seguinte, os irmãos Almeida montaram novamente em sua querida égua.
Nascida no Distrito de Paz de Vila Americana em 25 de outubro de 1910, filha de Juvêncio de Almeida, antigo morador da Rua do Pito Aceso, Faustina foi casada com o dentista Giovanino Chiaravalotti, com quem teve três filhas. Faleceu em 29 de março de 1964 e está sepultada no jazigo 55 da quadra 3 do Cemitério da Saudade.
É em nome de Faustina de Almeida Chiaravalotti que o Instituto 12 de Novembro homenageia e saúda todas as mulheres, que ao longo da história geraram, criaram, construíram, lutaram e, acima de tudo, amaram.
*André Maia Alves da Silva é historiador e presidente do Instituto 12 de Novembro
Fale com o instituto: contato@12denovembro.com.br
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A história da cidade, que completa 150 anos em 2024, contada em textos produzidos pelo Instituto 12 de Novembro. Publicações quinzenais, aos domingos