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Violência da PM causou uma grande correria 362e67
Veja relato do jornalista Reginaldo Gonçalves sobre a cobertura da manifestação realizada pelo setor têxtil em 1995
Por Reginaldo Gonçalves
18 de maio de 2025, às 08h12
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No ano de 1995 Americana vivia uma grave crise no setor têxtil. O Brasil era invadido pelos tecidos asiáticos e coreanos, as empresas estavam com elevados estoques e as demissões aconteciam com frequência. Para chamar a atenção das autoridades em Brasília, os empresários, trabalhadores, comerciantes e outras pessoas ligadas ao setor decidiram fazer um grande evento em Americana.
Como jornalista, estava no Grupo Liberal há quatro anos e acompanhava de perto aquela situação. Uma manifestação foi marcada para o dia 18 de maio, uma quinta-feira, às 14h, na Praça Comendador Müller. O comércio fechou as portas, autoridades discursaram e o combinado era encerrar o dia com a interdição da Rodovia Anhanguera por alguns minutos.
Empresários do setor de Americana e região paralisaram a produção liberando seus empregados e fretaram ônibus.
Tecidos importados chegaram a ser queimados e depois todos seguiram para a rodovia. O objetivo era fechar por um tempo curto a pista no sentido interior-capital. Quando lá chegamos, homens da Tropa de Choque da Polícia Militar de Campinas estavam posicionados em dois caminhões ao lado da pista no sentido contrário, nas proximidades do viaduto.
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O prefeito Frederico Polo Muller liderou as negociações e conversou por longo tempo com o tentente-coronel Cesar Coelho. O coronel Ayrton Casetani era o comandante da região de Campinas e recebia as informações de Coelho.
Estávamos às margens da rodovia quando Frederico e um grupo de quatro pessoas se reuniu com Coelho. Em seguida ele veio em nossa direção e disse: “Nós temos cinco minutos para o nosso manifesto.”
Todos foram para a pista e a Tropa de Choque veio logo atrás. Estava bem próximo quando, depois de alguns segundos, deu para ouvir a seguinte frase: “Bate, bate, pode bater.”
Não havia espaço para correr e todos tentaram sair da rodovia. Assim como o prefeito Frederico e outras pessoas, também fui agredido pelos cassetetes, mas sem gravidade. Diversas bombas de gás lacrimogêneo foram lançadas.
O SBT, por meio do programa “Aqui, Agora”, foi a única rede nacional que fez imagens do ocorrido. O governador na época, Mário Covas, entrou em contato no início da noite com o LIBERAL e conversou com Diógenes Gobbo. A repercussão foi grande e, devido à violência da PM, o coronel Casertani foi exonerado no dia seguinte. Depois desse ato houve um avanço e o setor têxtil obteve algumas conquistas.
Reginaldo Gonçalves
Jornalista
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